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Parado no tempo: Piauí é o 2º com a maior taxa de analfabetismo do País

Seis dos seus municípios figuram entre os dez com as maiores taxas de analfabetismo do Brasil.

Fábio Wellington de Morais

06 de julho de 2024 às 11:59


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Recentemente, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou uma realidade alarmante para o estado do Piauí, o estado “parou no tempo”: seis dos seus municípios figuram entre os dez com as maiores taxas de analfabetismo do país. Os dados, consideram pessoas com 15 anos ou mais, respondendo à pergunta "sabe ler e escrever?".

A taxa de analfabetismo no Piauí é a segunda maior do Brasil, atingindo 17,23%. Este número é significativamente superior à média nacional, que é de 7,0%, conforme os dados do Censo Demográfico 2022. Em números absolutos, o estado tem uma população de 2,58 milhões de pessoas com 15 anos ou mais, das quais 446 mil não sabem ler e escrever, resultando em uma taxa de alfabetização de 82,77%.

Cidades em alerta

Entre os municípios mais críticos, Floresta do Piauí se destaca com a segunda maior taxa de analfabetismo do país, registrando 34,68%. Este índice é superado apenas por um município de Roraima, que possui 36,81%. Outros municípios piauienses com altas taxas de analfabetismo incluem Aroeiras do Itaim (34,63%), Massapê do Piauí (34,30%), Paquetá (34,28%), Padre Marcos (34,01%) e Alagoinha do Piauí (33,61%).

No censo de 2010, a taxa de analfabetismo no Piauí era de 22,93%. A redução para 17,23% em 2022 representa uma diminuição de 24,86%, menor do que a média nacional, que caiu 27,31% no mesmo período (de 9,63% para 7,0%).

2ª Capital com mais analfabetos

Apesar de ser a capital do estado, Teresina apresentou a segunda maior taxa de analfabetismo entre as capitais brasileiras, com 7,12%, atrás apenas de Maceió (AL), que registrou 8,42%. Em 2010, Teresina tinha uma taxa de analfabetismo de 9,12%, evidenciando uma redução significativa de 21,9%. Este progresso, embora notável, ainda coloca a cidade em uma posição desfavorável comparada à média nacional.

 
Idosa na sala de aula no Piauí / Foto: Ascom

Municípios com evolução e os parados no tempo

Os dados revelados pelo IBGE destacam a urgência de medidas mais eficazes para combater o analfabetismo no Piauí. Enquanto alguns municípios têm feito progressos notáveis, outros ainda enfrentam grandes desafios. A disparidade entre as taxas de analfabetismo evidencia a necessidade de políticas públicas direcionadas e investimentos em educação que considerem as particularidades de cada região.

Alguns municípios do Piauí mostraram progressos notáveis. Acauã, por exemplo, reduziu sua taxa de analfabetismo de 30,41% para 16,89%, uma queda de 44,46%. Demerval Lobão e Cajueiro da Praia também tiveram reduções expressivas de 42,79% e 41,42%, respectivamente. Contudo, nem todos os municípios seguiram essa tendência. Olho D’Água do Piauí foi o único a registrar um aumento na taxa de analfabetismo, passando de 20,91% em 2010 para 22,08% em 2022, um aumento de 5,58%.

Desafios históricos e culturais

O estado do Piauí enfrenta desafios históricos e culturais que contribuem para as altas taxas de analfabetismo. A falta de investimento contínuo em educação, infraestrutura inadequada e a ruralidade de muitos municípios dificultam a implementação de políticas educacionais eficazes. Além disso, questões socioeconômicas como a pobreza e a falta de acesso a recursos básicos também desempenham um papel significativo na perpetuação do analfabetismo.

A realidade educacional do Piauí é complexa e multifacetada. A urbanização lenta e a dispersão geográfica das populações rurais agravam o desafio de fornecer educação de qualidade para todos. A infraestrutura escolar deficiente e a escassez de recursos didáticos dificultam o trabalho dos educadores e limitam as oportunidades de aprendizado para os estudantes.

Soluções

As políticas públicas devem focar em programas de alfabetização que incluam formação continuada para professores, investimentos em infraestrutura escolar e campanhas de conscientização sobre a importância da educação. É fundamental que o governo estadual e municipal trabalhem em parceria com organizações não governamentais e a sociedade civil para enfrentar esse desafio de forma integrada.

A educação de adultos também precisa ser uma prioridade. Muitos dos analfabetos são adultos que não tiveram acesso à educação em sua juventude. Programas de alfabetização de adultos, com abordagens adaptadas às suas necessidades e realidade, são essenciais para reduzir as taxas de analfabetismo.

Outro fator crucial é a mobilização da comunidade. Envolver pais, líderes comunitários e outras partes interessadas no processo educacional pode criar um ambiente de apoio e incentivo ao aprendizado. Campanhas de sensibilização sobre a importância da alfabetização podem ajudar a mudar atitudes e comportamentos em relação à educação.

O papel das tecnologias educacionais não pode ser subestimado. Ferramentas digitais e recursos online podem complementar o ensino tradicional e oferecer novas oportunidades de aprendizado, especialmente em áreas remotas. Investir em tecnologia educacional pode ser uma estratégia eficaz para superar algumas das barreiras geográficas e logísticas.

Direito constitucional

Finalmente, é importante destacar que a alfabetização é um direito fundamental e uma base para o desenvolvimento humano e social. Garantir que todas as pessoas tenham acesso à educação básica é essencial para promover a inclusão social, reduzir desigualdades e construir uma sociedade mais justa e equitativa.

Os desafios são grandes, mas não insuperáveis. Com compromisso, investimento e estratégias bem planejadas, é possível reduzir as taxas de analfabetismo e oferecer um futuro melhor para as próximas gerações do Piauí. A educação é a chave para o desenvolvimento e a transformação social, e todos têm um papel a desempenhar nessa jornada.

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