Recentemente, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou uma realidade alarmante para o estado do Piauí, o estado “parou no tempo”: seis dos seus municípios figuram entre os dez com as maiores taxas de analfabetismo do país. Os dados, consideram pessoas com 15 anos ou mais, respondendo à pergunta "sabe ler e escrever?".
A taxa de analfabetismo no Piauí é a segunda maior do Brasil, atingindo 17,23%. Este número é significativamente superior à média nacional, que é de 7,0%, conforme os dados do Censo Demográfico 2022. Em números absolutos, o estado tem uma população de 2,58 milhões de pessoas com 15 anos ou mais, das quais 446 mil não sabem ler e escrever, resultando em uma taxa de alfabetização de 82,77%.
Cidades em alerta
Entre os municípios mais críticos, Floresta do Piauí se destaca com a segunda maior taxa de analfabetismo do país, registrando 34,68%. Este índice é superado apenas por um município de Roraima, que possui 36,81%. Outros municípios piauienses com altas taxas de analfabetismo incluem Aroeiras do Itaim (34,63%), Massapê do Piauí (34,30%), Paquetá (34,28%), Padre Marcos (34,01%) e Alagoinha do Piauí (33,61%).
No censo de 2010, a taxa de analfabetismo no Piauí era de 22,93%. A redução para 17,23% em 2022 representa uma diminuição de 24,86%, menor do que a média nacional, que caiu 27,31% no mesmo período (de 9,63% para 7,0%).
2ª Capital com mais analfabetos
Apesar de ser a capital do estado, Teresina apresentou a segunda maior taxa de analfabetismo entre as capitais brasileiras, com 7,12%, atrás apenas de Maceió (AL), que registrou 8,42%. Em 2010, Teresina tinha uma taxa de analfabetismo de 9,12%, evidenciando uma redução significativa de 21,9%. Este progresso, embora notável, ainda coloca a cidade em uma posição desfavorável comparada à média nacional.
Idosa na sala de aula no Piauí / Foto: Ascom
Municípios com evolução e os parados no tempo
Os dados revelados pelo IBGE destacam a urgência de medidas mais eficazes para combater o analfabetismo no Piauí. Enquanto alguns municípios têm feito progressos notáveis, outros ainda enfrentam grandes desafios. A disparidade entre as taxas de analfabetismo evidencia a necessidade de políticas públicas direcionadas e investimentos em educação que considerem as particularidades de cada região.
Alguns municípios do Piauí mostraram progressos notáveis. Acauã, por exemplo, reduziu sua taxa de analfabetismo de 30,41% para 16,89%, uma queda de 44,46%. Demerval Lobão e Cajueiro da Praia também tiveram reduções expressivas de 42,79% e 41,42%, respectivamente. Contudo, nem todos os municípios seguiram essa tendência. Olho D’Água do Piauí foi o único a registrar um aumento na taxa de analfabetismo, passando de 20,91% em 2010 para 22,08% em 2022, um aumento de 5,58%.
Desafios históricos e culturais
O estado do Piauí enfrenta desafios históricos e culturais que contribuem para as altas taxas de analfabetismo. A falta de investimento contínuo em educação, infraestrutura inadequada e a ruralidade de muitos municípios dificultam a implementação de políticas educacionais eficazes. Além disso, questões socioeconômicas como a pobreza e a falta de acesso a recursos básicos também desempenham um papel significativo na perpetuação do analfabetismo.
A realidade educacional do Piauí é complexa e multifacetada. A urbanização lenta e a dispersão geográfica das populações rurais agravam o desafio de fornecer educação de qualidade para todos. A infraestrutura escolar deficiente e a escassez de recursos didáticos dificultam o trabalho dos educadores e limitam as oportunidades de aprendizado para os estudantes.
Soluções
As políticas públicas devem focar em programas de alfabetização que incluam formação continuada para professores, investimentos em infraestrutura escolar e campanhas de conscientização sobre a importância da educação. É fundamental que o governo estadual e municipal trabalhem em parceria com organizações não governamentais e a sociedade civil para enfrentar esse desafio de forma integrada.
A educação de adultos também precisa ser uma prioridade. Muitos dos analfabetos são adultos que não tiveram acesso à educação em sua juventude. Programas de alfabetização de adultos, com abordagens adaptadas às suas necessidades e realidade, são essenciais para reduzir as taxas de analfabetismo.
Outro fator crucial é a mobilização da comunidade. Envolver pais, líderes comunitários e outras partes interessadas no processo educacional pode criar um ambiente de apoio e incentivo ao aprendizado. Campanhas de sensibilização sobre a importância da alfabetização podem ajudar a mudar atitudes e comportamentos em relação à educação.
O papel das tecnologias educacionais não pode ser subestimado. Ferramentas digitais e recursos online podem complementar o ensino tradicional e oferecer novas oportunidades de aprendizado, especialmente em áreas remotas. Investir em tecnologia educacional pode ser uma estratégia eficaz para superar algumas das barreiras geográficas e logísticas.
Direito constitucional
Finalmente, é importante destacar que a alfabetização é um direito fundamental e uma base para o desenvolvimento humano e social. Garantir que todas as pessoas tenham acesso à educação básica é essencial para promover a inclusão social, reduzir desigualdades e construir uma sociedade mais justa e equitativa.
Os desafios são grandes, mas não insuperáveis. Com compromisso, investimento e estratégias bem planejadas, é possível reduzir as taxas de analfabetismo e oferecer um futuro melhor para as próximas gerações do Piauí. A educação é a chave para o desenvolvimento e a transformação social, e todos têm um papel a desempenhar nessa jornada.